APH tático

APH tático: o que é e por que você deve treinar

APH tático reúne habilidades adquiridas nos campos de batalha para salvar feridos ainda in loco, isto é, nas áreas conflagradas. 

Nesse sentido, forças especiais de todo o mundo o estudam e treinam constantemente.

Por outro lado, ainda que nascido em contextos de guerra, o APH tem salvado inúmeras vidas para além deles e está, inclusive, ao alcance de todos

Por isso, entenda hoje o que é o APH tático, e como suas técnicas podem salvar sua vida!

O que é APH tático?

APH tático significa atendimento pré-hospitalar em circunstâncias não convencionais enfrentadas pelos operadores de Segurança Pública, e mesmo, Privada. 

Isto é, cenários de combate em ambientes urbanos ou rurais, cujas naturezas demandem o uso de táticas avançadas.

Seu objetivo é assegurar a sobrevivência do operador tático até sua chegada ao hospital, quando seu tratamento emergencial poderá ser feito. 

Para isso, utilizam-se diversas técnicas e materiais médicos como a gaze hemostática, torniquete tático, entre outros.

Nesse sentido, para além do atendimento pré-hospitalar, empregado por socorristas e brigadistas, o APH tático considera contextos únicos e diferenciados da atividade policial. 

E se o APH tático é fundamental para todos os operadores de Segurança em atividade, em geral, quanto mais não o é para Grupos Táticos de cada unidade.

Por isso, nas palavras do Delegado de Polícia, Marcelo Fernandes:

Ante a violência que vem assolando o Brasil nos últimos tempos, a sociedade clama por uma resposta imediata e eficaz por parte do Estado, mediante a implementação de ações proficientes no combate à criminalidade – cada vez mais organizada e bem armada, sustentando constantemente as mais diversas práticas ilícitas e uma avassaladora expansão da violência em todo o país.

FERNANDES, Marcelo. GRECO, Rogério. Atividade Policial: aspectos penais, processuais penais, administrativos e constitucionais, 11º edição, Niterói, Impetus, 2021.

Outrossim, para combater em circunstâncias especialmente adversas como as enfrentadas pelo policial, prova-se fator crucial o conhecimento em técnicas de APH contextualizadas à atividade.

Entretanto, as habilidades do APH tático também são valiosas e aplicáveis a outras situações que envolvam lesões profundas, com sangramento massivo, como:

  • Combate com lâminas;
  • Locais de atentados terroristas com vítimas;
  • Acidentes não fatais envolvendo armas de fogo; 
  • Legítima Defesa por meio de arma de fogo, entre outros. 

Além disso, os conhecimentos adquiridos também poderão ser aplicados em situações de pré-atendimento hospitalar civil, como acidentes automobilísticos

História do APH

Por outro lado, o atendimento pré-hospitalar tático tem suas raízes ainda em 1795.

Nesse ano, Napoleão Bonaparte focou suas atenções à necessidade do atendimento médico ainda nos campos de batalha.

Desse modo, o grande estrategista militar encarregou a Dominique Jean Larrey a missão de desenvolver o que, após séculos, conhecemos no Brasil como SAMU.

Já recentemente, com o desenvolvimento da indústria bélica e táticas de combate, o APH tático tomou cada vez mais substância, aportes científicos e experiência.

Nesse sentido, os EUA, líderes em experiência militar acumulada ao longo dos anos, criaram o protocolo TC3 (Tactical Combat Casualty) – referência mundial para o APH tático.  

Já no Brasil, o protocolo assumiu o acrônimo de MARC, idealizado pela T.I.G.R.E da Polícia Civil do Paraná, sob a diretiva do operador especial ‘’Doc. Maniglia’’. 

Entenda o Protocolo MARC

Protocolo MARC

O protocolo MARC é um acrônimo para Massivo, Ar, Respiração e Calor

Desse modo, o protocolo enumera os principais pontos de atenção, em ordem, quando o operador de segurança se ver em circunstâncias que exijam a aplicação do APH tático

Isto é, seja o próprio operador ferido gravemente quando em combate, ou um terceiro companheiro, ele deverá entender profundamente a teoria e prática do protocolo MARC

Vejamos, portanto, ponto a ponto do protocolo. 

Massivo

O sangramento massivo é a principal causa de óbito nos confrontos policiais.

Torniquete Desmodus

Nesse sentido, sem as devidas providências, o operador ferido, em decorrência do sangramento massivo, pode vir a óbito dentro de aproximadamente 3 minutos.

Desse modo, o controle da hemorragia é o primeiro ponto de atenção.

Para assegurá-lo, é preciso que o operador conheça a aplicabilidade do Torniquete Tático (para membros superiores e inferiores), e agentes hemostáticos (áreas juncionais como a virilha). 

Ar

É imprescindível assegurar as vias aéreas pérvias. Isso é, livres de obstruções de quaisquer origens que inviabilizem a passagem do ar nas vias aéreas. 

Respiração 

A respiração pode ser seriamente prejudicada com lesões graves como o pneumotórax.

Nesse caso, uma ferida grave propicia a entrada e acúmulo do ar no espaço pleural (entre a parede torácica e o pulmão).

Assim, a pressão intratorácica aumenta a ponto de colapsar o pulmão, impedindo a respiração.

Por isso, prevenir o pneumotórax é uma das prioridades da medicina de combate.

Calor 

Como último, mas não menos relevante fator a ser observado durante o atendimento pré-hospitalar de combate, está o calor.

Nesse sentido, a perda de calor propiciada pelas lesões em combate, provoca a hipotermia – outro perigoso inimigo do operador.

Por fim, vale a pena responder a uma pergunta comum no âmbito do APH Tático, no que tange a um dos seus equipamentos mais importantes e procurados: o Torniquete

Quando usar Torniquete?

O torniquete deve ser utilizado quando houver lesão severa, que cause sangramento massivo nas extremidades em algum dos quatro membros (braços e pernas).

Assim, considerando-se as circunstâncias da aplicação do torniquete, contar com um de qualidade no kit de APH é fundamental. 

Nesse sentido, vale citar os dados retrospectivos, oriundos do Registro de Trauma das Forças de Defesa de Israel ¹ entre julho e agosto de 2014.

De acordo com eles, 119 torniquetes foram aplicados em 90 vítimas, nas quais a aplicação do torniquete tático assegurou taxa de sobrevivência de aproximadamente 90%.

Por outro lado, a taxa de complicação figurou em torno de 11%

Além disso, as causas de amputação, mesmo quando aplicados os torniquetes comerciais, demonstrou-se pela ciência como causadas tão somente pela lesão primária.

Isto é, a oclusão sanguínea provocada por um bom torniquete tático cumpre o seu papel exclusivo de garantir a sobrevida da vítima até o hospital

Mesmo assim, a margem de segurança do uso do torniquete ronda as duas horas, aproximadamente. 

Hoje você entendeu:

  • O que é APH Tático;
  • Sua relevância para o operador de Segurança Pública e Privada;
  • O que é o Protocolo MARC e sua importância e;
  • Quando usar o Torniquete.

No Segurança em Xeque, acreditamos que a primeira arma é a informação.

Por isso, continue se armando da melhor que há: acesse nosso blog agora para conferir outros artigos! 

Referências:

  1. Shlaifer, A, Yitzhak, A, Baruch, EN. Point of injury tourniquet application during operation protective edge-what do we learn? J Trauma Acute Care Surg 2017; 83(2): 278–283.
  2. FERNANDES, Marcelo. GRECO, Rogério. Atividade Policial: aspectos penais, processuais penais, administrativos e constitucionais, 11º edição, Niterói, Impetus, 2021.

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