GROM

GROM: conheça a SOF do exército polonês

A Grom foi criada no período pós-domínio soviético, em meio a ameaças terroristas e participação ativa em operações internacionais. Conheça a tropa de elite das forças armadas polonesas abaixo!

Prossiga com atenção: há um bônus ao final.

O que é a GROM?

GROM ou Jednostka Wojskowa GROM, é a mais célebre unidade de forças especiais do exército polonês, equiparada à SAS da aeronáutica britânica, ou aos Navy Seals do Team 6 ou DEVGRU, e a Delta Force.

Ou seja, forças especiais reconhecidas e ilustres em todo o mundo.

Assim, sua história nasce oficialmente em julho de 1990, em uma Europa pós-domínio Soviético, e ainda, com o apoio do Congresso Americano e instrutores da Delta Force.

Além disso, seus precursores foram os Cichociemni, uma unidade especial treinada pelas forças especiais britânicas cuja missão era combater o invasor nazista.

Nesse período, receberam treinamentos diversos, como sabotagem, espionagem, paraquedismo, além de prestar apoio à resistência polonesa em solo (os partisans).

Atualmente, os operadores de elite da GROM operam em alta performance nestas três principais áreas:

  • Contra-terrorismo em operações de solo (chamadas táticas negras): libertação de reféns de objetos estáticos (casas e arranha-céus) e veículos (aviões, carros, trens), proteção de dignitários, segurança de atividades e operações militares e não militares.
  • Operações Especiais (chamadas táticas verdes): reconhecimento, atividades destrutivas em áreas avançadas do inimigo, neutralização de potencialmente nocivos e ameaças técnicas em estruturas inimigas, participação na evacuação da população. 
  • Operações marítimas contra-terrorismo (chamadas táticas azuis): combate ao terrorismo na costa ou no oceano, em objetos flutuantes e plataformas.  

Esses combatentes também performam outros treinamentos especializados como paraquedismo, mergulho, treino em altas altitudes, medicina de combate, entre outros. 

Missão dada é missão cumprida

No estandarte da unidade, é possível visualizar seu espírito: no meio das cruzes de cavalaria, próximo a imagem de uma águia trêmula com um relâmpago dourado em suas garras (grom), lê-se Deus, Honra e Pátria. 

O simbolismo da unidade é tão rico quanto sua reputação de alta performance em batalha, conforme veremos. 

Estandarte da GROM
Estandarte GROM, Public Domain by JW GROM

Operação Ponte (Operacja Most)

Judeus sendo escoltados na Operação Ponte (Operacja Most)
(CC, fonte: Robert Walenciak, Przegląd, Operação Ponte)

A Polônia havia recém se libertado do domínio soviético, quando tomou parte em uma missão conjunta especialmente simbólica dadas as circunstâncias da 2º Guerra Mundial.

A decisão ousada de junho de 1990 seria conhecida pelo resto do mundo: escoltar judeus da Rússia para a recém criada e reconhecida Israel, em uma espécie de corredor humanitário.

A terceira república polonesa, comandada pelo então primeiro-ministro Tadeusz Mazowiecki, havia estreitado seus laços com o novo Estado, e isso teria seu custo.

Com a mira do radicalismo islâmico agora mirando também a Polônia, o país sofreu com o alvejamento por arma de fogo de dois de seus diplomatas na mão de extremistas, em Beirut. 

O coronel Sławomir Petelicki então foi enviado ao Líbano para assegurar que o fluxo de civis e o corpo diplomático polonês fosse feito em segurança. 

A missão acendeu uma faísca na mente do cel. Petelicki.

Por isso, de volta ao país natal, apresentou seu plano para a criação de uma unidade militar especial ao Ministério do Interior. 

Essa força estar apta para lidar com circunstâncias análogas àquelas encontradas no Líbano, protegendo cidadãos poloneses em solos estrangeiros. 

Dessa maneira, deram-se os primeiros passos para a formação da GROM, fundada oficialmente em Junho de 1990.

Operação Iraq Freedom

Polish GROM’s operators in Iraq, Public Domain by JW GROM. 

Em março de 2003, deu-se início a Operação Iraq Freedom.

Essa Operação eclodiu da busca acelerada do governo de Saddam Hussein por armas de destruição em massa, ameaçando o globo – em claro desacordo às exigências geopolíticas predominantes.

Assim, como resposta a essa escalada, os Estados Unidos lançaram uma grande ofensiva militar.

Nesse sentido, realizaram-se ataques aéreos preventivos no palácio presidencial e mais de 67,000 mil combatentes operavam em solo.

Já a Polônia, visando um alinhamento estratégico com essa grande potência ocidental, integrou a missão em uma de suas fases mais complexas: o pós-combate. 

Os bravos poloneses foram responsáveis pelo comando e guarda de regiões em Bagdá, e a experiência de combate lhes propiciou um avanço enorme rumo à modernização do exército.

Com experiência em combates reais, treinamentos com as melhores tropas de operações especiais no mundo (Delta Force, Navy SEALS, SAS britânica), a GROM já era uma Força de Operações Especiais (SOF) reconhecida.

Seus operadores especiais eram os responsáveis por rastrear e neutralizar os colaboradores do Ditador Hussein, além de membros da Al-Qaeda. 

Polônia: um país de guerreiros

Poloneses na resistência contra os invasores germano-soviéticos, durante a Segunda Guerra Mundial.
A resistência polonesa/Crédito: Wikimedia Commons

A GROM, unidade de operações especiais das forças armadas polonesas, como já referido, nasce em um contexto de guerra e pós-domínio soviético.

Mas na verdade, o domínio comunista no país não foi o primeiro a subjugar a liberdade dos poloneses.

Torniquete Desmodus

A história da Polônia possui a tradição histórica da resiliência.

Entre os séculos XVIII e XX, a Polônia sumiu do mapa da Europa: o reinado outrora pujante e dominante na região agora era estava nas mãos de antigos vizinhos conquistados.

Assim, Prússia, Áustria e Rússia partilhavam o território polonês.

Ao mesmo tempo, iniciava-se uma tentativa de aniquilar a cultura, a língua e a nação polaca.

Entretanto, não seria a primeira vez.

Por 123 anos, a Polônia foi cultivada em segredo. 

Desse modo, ano após ano, passavam-se os costumes, a história e as tradições no silêncio das residências.

Mas com o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 e o início da revolução russa, os invasores perderam o domínio sobre o território polonês.

A Alemanha, por força do Tratado de Versalhes, cedeu alguns territórios orientais à recém renovada Polônia.

Era um sopro de esperança que seria breve.

Invasão da Polônia na Segunda Guerra Mundial

Com a chegada do partido nazista ao poder na Alemanha, em 1933, rumores de uma invasão já se espalhavam pelo leste europeu.

Já 2 anos depois, a Alemanha rompeu o antigo tratado pós-guerra e começou sua corrida armamentista.

Dessa forma, a Polônia, recentemente libertada, via ao oeste a investida Nazista, e ao leste, a ameaça comunista da URSS. 

Infelizmente, os rumores ganharam confirmação pouco tempo depois.

Novamente invadida, a Polônia repartiu-se entre dois Estados totalitários aliados: o nazismo e o comunismo.

Mas não houve desistência. Pelo contrário, mais que nunca, o povo polonês resistiu.

Apesar da derrota, constituiu-se o Estado Secreto Polonês (PPP), com um sistema de justiça, parlamento, escolas e um exército organizado. 

O PPP se comunicava com o governo polonês exilado em Londres, alinhando estratégias militares para o fim da guerra

Além disso, levantes como o Gueto de Varsóvia, em 1943, ilustraram a bravura de lutar até o fim.

Nela, cidadãos resistiam à deportação a campos de trabalho forçado ou extermínio, como o Auschwitz-Birkenau ou o Treblinka.

Entretanto, o combate de um mês foi árduo e assimétrico.

Afinal, os cidadãos na linha de frente estavam precariamente armados, desnutridos, com pouco treinamento e em absoluta desvantagem.

Mesmo assim, milhares de judeus poloneses preferiram a morte em combate ao extermínio dos nazistas.

Czesław Miłosz, escritor polonês ganhador do Nobel da literatura de 1980, vivenciou a ocupação tanto nazista, quanto comunista, criticando-as arduamente em sua obra.

O autor, exilado nos EUA, escreveu sobre as distorções mentais promovidas pelos dois regimes, que tentavam naturalizar o absurdo: 

”Foi somente no meio do século 20 que os habitantes de vários países europeus, a contragosto, concluíram que seus destinos poderiam ser diretamente influenciados por confusos e complexos livros de filosofia”.

The Captive Mind, Czesław Miłosz.

Veteranos de guerra: entrevista com Mariusz Urbaniak (GROM).

Presenciando de perto a realidade dos combates, Mariusz Urbaniak é um operador veterano da GROM (forças especiais do exército polonês).

Além disso, Mariusz é especialista em APH de combate e ganhador do título de melhor médico de combate do mundo em 2018, pela SOMA (Special Operations Medical Association).

Esse combatente é responsável pela capacitação de alto nível de operadores policiais brasileiros e, durante o W2C 2021, fui honrado em entrevistá-lo sobre sua história na GROM, seus desafios e missões (até onde era possível).

Para conferir a história na íntegra, clique no vídeo acima.

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Obrigado por ler até aqui e Q.A.R!

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